Os extremos da desigualdade na capital paulista

São Paulo – São Paulo é um município gigantesco com mais de 11 milhões de habitantes. Sendo assim, a cidade que encontramos no extremo da zona sul não é a mesma que vemos na zona oeste ou nas ruas do centro.
Isso se reflete em números. Em Marsilac, por exemplo, a chance de um jovem ser assassinado é 44,45 vezes maior do que na Vila Mariana.
Já na Vila Medeiros (zona norte), quem precisa de um hospital tem bem mais dificuldade do que quem vive no Jardim Paulistano (zona oeste). O primeiro bairro conta com 0,040 leito hospitalar para cada mil habitantes. No segundo, são nada menos que 35,53 leitos.
Os dados são do “Mapa da Desigualdade 2015”, um estudo elaborado pela Rede Nossa São Paulo e divulgado nesta terça-feira.
Veja, nas fotos, os bairros com as melhores e as piores condições em 15 quesitos, que abrangem áreas como educação, saúde, violência e cultura.


Homicídio de jovens

Vila Mariana (zona sul): 0,643 morte por homicídio entre jovens, por 10 mil habitantes
Marsilac (zona sul): 28,60 mortes por homicídio entre jovens, por 10 mil habitantes
Diferença: 44,45 vezes
Média na cidade (em 2013): 4,63 mortes por homicídio entre jovens, por 10 mil habitantes
O bairro de Marsilac, no extremo sul da capital paulista, é o mais perigoso para os jovens. De acordo com o estudo da Rede Nossa São Paulo, em 2013, ocorreram ali 28,60 mortes de jovens entre 15 e 29 anos para cada 10 mil habitantes. A taxa é bem maior que a média do município, que é de 4,63 mortes.
Também na zona sul está o bairro que registrou menos mortes de jovens. No mesmo ano, a Vila Mariana teve 0,643 óbitos por 10 mil habitantes. Porém, existem ainda outros 16 bairros que não registraram nenhuma morte de jovem em 2013. Por terem indicador zero, eles não entraram na comparação.


Homicídios em toda a população

Perdizes (zona oeste): 0,178 morte por homicídio, por 10 mil habitantes
Marsilac (zona sul): 6,16 mortes por homicídio, por 10 mil habitantes
Diferença: 34,67 vezes
Taxa na cidade (em 2013): 1,42 morte por homicídio, por 10 mil habitantes
Assim como no caso das mortes de jovens, o distrito de Marsilac, na zona sul, tem a maior taxa de homicídios quando considerada a população total. Em 2013, o bairro registrou 6,16 homicídios para cada 10 mil habitantes. A média na cidade é de 1,42 mortes.
Na outra ponta, o bairro com menos óbitos por homicídios foi Perdizes, na zona oeste, com 0,178 morte por 10 mil habitantes. Isso quer dizer que Marsilac teve 34,67 vezes mais mortes do que Perdizes. É essa diferença que o estudo mede a desigualdade entre os bairros da capital paulista.
O mapa registrou ainda três bairros que não tiveram nenhuma morte por homicídio em 2013. Por terem indicador zero, esses distritos não entraram na comparação de desigualdade.

Leitos hospitalares

Jardim Paulista (zona oeste): 35,53 leitos hospitalares por mil habitantes
Vila Medeiros (zona norte): 0,040 leito hospitalar por mil habitantes
Diferença: 881,09 vezes
Total na cidade (em 2014): 34.269 leitos hospitalares.
Os moradores do Jardim Paulista, na zona oeste da cidade, são os que mais têm acesso a hospitais em São Paulo. O bairro tem 35,53 leitos hospitalares para cada mil habitantes, a maior marca do município.
Em contrapartida, quem mora na Vila Medeiros, na zona norte, tem apenas 0,04 leito para cada mil habitantes. A diferença é 881,09 vezes.
Mesmo com uma situação ruim, o cenário para quem mora por ali ainda é melhor do que o encontrado em 30 bairros da capital paulista, que não têm nenhum leito disponível. Por terem um indicador igual a zero, essas regiões não entraram na comparação da Rede Nossa São Paulo.


 Mortalidade infantil

Moema (zona sul): 1,09 morte de criança até 1 ano, a cada mil nascidos vivos
 
República (centro): 22,22 mortes de crianças até 1 ano, a cada mil nascidos vivos
 
Diferença: 20,31 vezes
 
Taxa na cidade (em 2013): 11,17 mortes de crianças até 1 ano, a cada mil nascidos vivos
Em São Paulo, o distrito com maior mortalidade infantil é a República, no centro da cidade. Lá ocorrem 22,22 mortes de crianças até 1 ano, a cada mil nascidas vivas.
O número é bem maior que o de Moema, que está na outra ponta da comparação. O bairro da zona sul registrou, em 2013, 1,09 morte para cada mil. A diferença entre os dois extremos é de 20,31 vezes.


 Gravidez na adolescência

Marsilac (zona sul): 26,61% dos nascidos tinham mães com 19 anos ou menos
Moema (zona sul): 0,585% dos nascidos tinham mães com 19 anos ou menos
Diferença: 45,45 vezes
Total na cidade (em 2014): 23.243 nascidos tinham mães com 19 anos ou menos
O distrito de Marsilac, no extremo da zona sul, tem a maior proporção de mães adolescentes da cidade. Lá, 26,61% dos nascidos em 2014 tinham mães com 19 anos ou menos.
A diferença é grande em relação ao bairro com a menor proporção de mães adolescentes. Em Moema, também na zona sul, apenas 0,585% dos bebês tinham mães nesta faixa etária.


 Favelas

Pinheiros (zona oeste): 0,081% dos domicílios em favelas
 
Vila Andrade (zona sul): 49,59% dos domicílios em favelas
 
Diferença: 610,49 vezes

Total na cidade: 398.200 domicílios em favelas
O bairro de São Paulo que tem menos casas em favelas é Pinheiros, na zona oeste, com 0,081% dos domicílios instalados em aglomerados desse tipo. Porém, outros 11 distritos não têm nenhuma casa nessas condições. É ocaso do Jardim Paulistano, também na zona oeste.
Em contrapartida, a Vila Andrade, na zona sul, tem 49,59% dos seus domicílios instalados em favelas, segundo o estudo da Rede Nossa São Paulo. A diferença deste bairro para a situação em Pinheiros é de nada menos 610,49 vezes.


 Creches

Guaianases (zona leste): 80,67% da demanda por creches atendida
 
Sé (centro): 23,52% da demanda por creches atendida
 
Diferença: 3,43 vezes
Total na cidade (em 2014): 54,88% da demanda por creches atendida
Apesar de estar no extremo da zona leste, o bairro de Guaianases é o que mais atende a demanda por creche de seus moradores. De acordo com o estudo, lá 80,67% da demanda por vagas foi atendida em 2014.
Na outra ponta, o bairro em que mais crianças ficam fora da creche é a Sé, no centro. Lá, apenas 23,52% do total de crianças inscritas conseguiram uma vaga.

 Pré-escolas

Alto de Pinheiros (zona oeste): 100% da demanda por pré-escolas atendida
 
Sé (centro): 47,69 da demanda por pré-escolas atendida
 
Diferença: 2,1 vezes
 
Total na cidade (em 2014): 94,39% da demanda por pré-escolas atendida
Em São Paulo, 33 bairros atendem 100% da demanda por vagas em pré-escolas municipais. São eles: Alto de Pinheiros, Aricanduva Barra Funda, Bela Vista, Bom Retiro, Campo Belo, Carrão, Casa Verde, Consolação, Itaim Bibi, Jaguara, Jardim Paulista, Liberdade, Limão, Marsilac, Moema, Morumbi, Pari, Parque do Carmo, Penha, Perdizes, Pinheiros, Raposo Tavares, Rio Pequeno, Sacomã, Santa Cecília, Santo Amaro, São Domingos, São Lucas, Tatuapé, Vila Formosa, Vila Guilherme e Vila Leopoldina.
Já o bairro que menos atende esta demanda é mais uma vez a Sé (centro), no qual 47,69% das crianças inscritas conseguem uma vaga. A meta da cidade é tem 100% da demanda atendida em todo o município até 2016.

 Áreas verdes

Parelheiros (zona sul): 341,44 m² de área verde por habitante
 
Cidade Ademar (zona sul): 0,773 m² de área verde por habitante
 
Diferença: 441,85 vezes
Média na cidade: 160.535.125 m² de áreas verdes, sendo 14,02 m² por habitante
O extremo sul de São Paulo guarda a maior proporção de áreas verdes públicas por habitante da cidade. Em Parelheiros, existem nada menos que 341,44 m² de área verde por morador.
O número está bem acima do mínimo recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), de 12 m² por pessoa.
Na outra ponta, porém, os moradores de Cidade Ademar, também na zona sul, amargam uma realidade bem distinta. Lá existe apenas 0,773 m² de área verde por habitante. A diferença entre esses dois extremos é de 441,85 vezes.

Espaços para esportes

Pinheiros (zona oeste): 1,38 equipamento público de esporte para cada 10 mil habitantes
 
Tremembé (zona norte): 0,048 equipamento público de esporte para cada 10 mil habitantes
Diferença: 28,83 vezes
 
Total na cidade (em 2014): 541 equipamento público de esporte, sendo 0,47para cada 10 mil habitantes
Nenhum distrito da cidade chegou a ter 2 equipamentos públicos de esporte para cada 10 mil habitantes. O bairro com mais espaços como esses foi Pinheiros (zona oeste), que tinha, em 2014, 1,38 equipamento de esporte para cada 10 mil pessoas.
No outro extremo está Tremembé (zona norte), com 0,048 espaços. Porém, existem anda 11 distritos que não tinham nenhum equipamento público para cada 10 mil habitantes. Por terem indicador zero, eles não entraram na comparação da Rede Nossa São Paulo.

FONTE: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/15-dados-alarmantes-sobre-a-desigualdade-entre-bairros-de-sp#17